quinta-feira, setembro 22, 2011

Avaliação da Síndrome Compartimental

Esta semana nosso post em medicina do esporte trata de um assunto pouco elucidado, a investigação da síndrome compartimental crônica relacionada ao exercício (CECS). O British Journal of Sports Medicine do mês de setembro publicou um artigo sobre avaliação minimamente invasiva da CECS. Neste artigo os autores australianos Hislop e Batt expõe o problema de não haver um protocolo universalmente aceito para avaliação da CECS, e de não haver um consenso de como devemos realizar esta avaliação.

No artigo os autores sugerem que devemos evitar inserções desnecessárias de agulhas. Apesar de, em mãos experientes, o índice de complicações ser baixo, o exame é invasivo e não está livre destas. Algumas são importantes, como infecções, lesões neurovasculares e risco de sindrome compartimental aguda necessitando de fasciotomia de urgência. Portanto, na opinião dos autores, qualquer protocolo que limite a inserção de agulhas deve ser promovido.

Sobre a avaliação em casos com sintomas bilaterais, que correspondem a 75 a 90% dos casos, o artigo advoga pelo teste apenas na perna mais sintomática. Assim, se o teste for positivo e o paciente apresentar clínica compatível no membro contralateral, considera-se o caso como bilateral. Os autores também são contra a avaliação da pressão em diversos compartimentos pois os pacientes geralmente apresentam clínica em apenas um, ou no máximo dois, compartimentos. Da mesma forma o artigo recomenda que não utilizemos medições pré-exercício pois sabe-se que a pressão compartimental de repouso é entre 0 e 8 mmHg, e para a aferição em repouso são necessárias inserções extras.

Na falta de um protocolo consagrado, o uso de testes menos invasivos é algo que deve ser considerado. Por outro lado existem autores que recomendam protocolos mais invasivos, inclusive um destes protocolos foi publicado no mesmo volume do Britsh Journal of Sports Medicine.

1 comentários:

Leonardo Hirao disse...

Em todos os procedimentos médicos, até mesmo em prescrições devemos ter bom senso. Os guidelines quando mal interpretados podem nos induzir ao erro. No entanto, devemos sempre discutir nossas condutas, métodos de avaliação, rever os resultados e possíveis efeitos adversos.

Postar um comentário