Boa
noite a todos, nosso artigo de hoje fala sobre overtraining em atletas jovens
ingleses. Este artigo foi publicado em 2011 no jornal Medicine and Science in
Sports and Exercise.
Inicialmente,
definiu-se overtraining como diminuição ou decréscimo de performance, em
atletas hígidos, que pode persistir por semanas até meses. Podendo estar
associado com sintomas inespecíficos como distúrbios de humor, aumento da
percepção de esforço durante treino ou competição, aumento na incidência de
doenças de via aérea superior, perda de apetite, distúrbios do sono e
sentimentos de depressão.
Até
hoje a carga de treino e o repouso inadequado são os principais fatores
causadores de tal síndrome, no entanto, questiona-se o papel dos estressores
psicossociais no quadro. No
estudo, participaram 376 atletas de 19 modalidades diferentes que praticavam
seus esportes de 4 a 8 anos, com níveis de treinamento diferentes, apresentavam
média de idade de 15 anos.
Cerca
de 29% dos atletas referiram apresentar o quadro de overtraining em algum
momento de suas vidas, as mulheres apresentaram um incidência um pouco maior em
relação aos homens. Esportes individuais também apresentavam maior incidência
em relação aos esportes coletivos e o nível de treinamento se competiam em
nível regional ou estadual em relação aos atletas que competiam em âmbito
nacional ou internacional. Além disso, o fato de dispor de menos de 5 horas
semanais para atividades de lazer fora do esporte demonstrou ser um fator de
risco para o desenvolvimento do quadro.
Os
sintomas apresentados pelos jovens atletas foram semelhantes aos desenvolvidos
em adultos, excetuando a maior incidência entre as jovens em relação aos
garotos.
Ainda
há muito a se conhecer sobre o overtraining, desde as causas dessa síndrome até
ferramentas diagnósticas e de controle. Mas, deve-se lembrar que existem cada
vez mais evidências que os fatores psicológicos estejam mais
envolvidos nesse processo.
Prevalence
of Nonfunctional Overreaching/Overtraining in Young English Athletes.
Nuno F.
Matos, Richard J. Winsley and Craig A. Williams
Medicine
and Science in Sports and Exercise 2011
3 comentários:
Com certeza os fatores psicológicos estão envolvidos com o overtraining, contudo creio que um treinamento inadequado, principalmente se associado a um desequilíbrio biomecânico são as principais causas dessas lesões. De qualquer modo, o trabalho multidisciplinar pode e deve ser utilizado para identificarmos e tratarmos as causas e, consequentemente, o quadro clínico apresentado.
Vale lembrar que "síndrome" é um termo geralmente empregado para um conjunto de sinais e sintomas de causa desconhecida. Antes de tacharmos alguém com a síndrome de overtraining, portanto, devemos excluir causas clínicas de diminuição de performance.
Com certeza. Apesar de não ter feito um levantamento bibliográfico considerável sobre o tema creio muito mais em desequilíbrios biomecânicos que possam vir a levar atletas a lesões; até porque simplesmente taxar um atleta com tal síndrome, por si só, não nos direciona a um tratamento adequado. Tenho visto muitos atletas (principalmente amadores) vítimas de sobrecarga por um treinamento mal-orientado (muitas vezes não-orientado) e, por conseqüência, falha dos estabilizadores dinâmicos. Por exemplo, um corredor com um déficit no componente abdutor e rotador lateral do quadril, acrescido a fraqueza ou mesmo falta de controle do quadríceps e ísquio-tibiais, poderá gerar ao fim das cargas cíclicas de uma (ou, normalmente muitas) sessão (ões) de treinamento lesões como a SDFP, "canelite", tendinopatia do tibial posterior, entre outras. O interessante é analisarmos o gesto do atleta bem como sua força e quadro clínico, para que assim possamos traçar esta cascata e além de tratar a lesão momentânea, prevenir lesões futuras.
Um abraço a todos.
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