quinta-feira, dezembro 22, 2011

O Médico a Beira do Ringue


            Boa tarde a todos, essa semana falaremos sobre um dos esportes que mais crescem no mundo, o Mixed Martial Arts (MMA). Um artigo publicado em junho de 2011 no jornal Current Sports Medicine Reports fala sobre as lesões e mecanismos de lesão do esporte.
            Rapidamente relembramos que o esporte iniciou em nosso país com o nome de Vale Tudo e inicialmente foi marginalizado, pois, tinha o estigma de briga de rua ou luta até a morte. Afim de renovar a imagem do MMA foram criadas regras como classificação de atletas em categorias por peso, duração de 3 a 5 rounds de 5 minutos cada, uso de luvas e proibição de golpes potencialmente fatais.
            O uso de luvas contribui com a diminuição da gravidade das lesões, sendo que as incidências de morte com trauma fechado na cabeça eram altas e após 3 anos do uso do equipamento foram reportadas 2 mortes.
            Um estudo retrospectivo sobre lesões no esporte realizado por Buse, analisou 642 lutas e verificou que 72% das lutas terminaram por lesões ou golpes que poderiam causar lesões (submissões). Dentre estas a causa mais comum é o trauma na cabeça (39,4%) seguido por causas músculo-esqueléticas (22,9%), estrangulamento (19,7%) e traumas mistos (18%). No entanto, não foram verificadas a gravidade dos ferimentos ou mesmo se os mecanismos que levaram ao final da luta geraram alguma lesão.
            Nos Estados Unidos os lutadores são obrigados a passar por avaliação médica antes e após as lutas, em geral, são solicitadas sorologias para HIV e hepatites B e C.
Durante as lutas deve-se seguir os protocolos do ATLS, realizando imobilização cervical, uso de prancha rígida sempre que necessário. Disponibilizar de ambulância UTI e ter conhecimento prévio de hospitais de referência. O tratamento de lacerações e outros traumas devem ser avaliados, em caso de lesões mais complexas é melhor realizar procedimentos em ambiente hospitalar.
Finalmente, o autor sugere uma lista de equipamentos que o médico a beira do ringue deve ter, afim de realizar uma avaliação e tratamentos adequados.

Mixed Martial Arts: Injury Patterns and Issues for the Ringside Physician
Seidenbrg PH
Current Sports Medicine Reports, 2011


Imagens publicadas no site: http://www.noticiasrss.com.br/Post/Default.aspx?id=277780&noticia=dana-white-iguala-status-de-jones-e-anderson--mas-nega-superluta

quarta-feira, dezembro 14, 2011

A musculação pode melhorar o seu alongamento?

Olá amigos do Sports Medicine Brasil, neste post discutiremos um dos assuntos mais polêmicos na medicina do esporte e do treinamento esportivo: os alongamentos.

Poucos assuntos são tão controversos quanto os alongamentos quando falamos de exercício, reabilitação ou esporte. Por isso escolhemos o artigo “Resistance Training vs Static Stretching: Effects in Flexibility and Strength” para este post. O objetivo do artigo publicado no Journal of Strength and Conditioning Research é comparar ganhos de flexibilidade obtidos com os treinamentos de força e alongamento.

Para o estudo os sujeitos foram divididos em um grupo que realizou treinamento de força em amplitude completa do movimento e outro grupo que fez alongamentos passivos. O treinamento de ambos os grupos durou 5 semanas e o estudo ainda contou com um grupo controle, que não realizou treinamento de força ou alongamento.

Após as cinco semanas de treinamento, houve melhora semelhante de flexibilidade entre o grupo que realizou alongamentos e o grupo que realizou treinamento resistido. Estes resultados sugerem que o treinamento com pesos, quando realizado em amplitude de movimento completa, pode gerar melhora da amplitude de movimento de magnitude semelhante a obtida por um programa de exercícios de alongamento.

Os resultados são importantes pois sugerem que um programa de treinamento resistido bem elaborado pode otimizar o tempo de treino uma vez que atua na força e flexibilidade. Como o estudo teve duração de apenas cinco semanas, é prudente investigar as adaptações em longo prazo antes de dar recomendações a favor ou contra o treinamento específico de alongamentos.

sábado, dezembro 10, 2011

Video Games e Gasto Calórico em Adolescentes


            Boa noite a todos, esta semana falaremos sobre a nova geração de video games interativos e gasto calórico em adolescentes. O aumento na prevalência de crianças obesas e com sobrepeso cresce, podendo levar ao desenvolvimento de obesidade na idade adulta e complicações metabólicas como diabetes tipo 2.
            Programas de exercício tradicionais podem ser efetivos na melhora de composição corporal, elasticidade arterial, sensibilidade a insulina e atividade física espontânea em adolescentes obesos. No entanto, os adolescentes obesos tem menor aderência a esses programas.
            Em 2009, no jornal Pediatrics foi publicado um artigo sobre gasto energético no uso de video games interativos como “Dance, Dance, Revolution”(DDR) e Wii pelo grupo de Graf et al.
            Nesse estudo, foram comparados os gastos calóricos entre os jogos DDR e Wii boliche e boxe. Através de um analisador de gases foram obtidos o consumo de oxigênio e através de um frequencímetro (polar) foi verificada a FC. Participaram 23 crianças de ambos os sexos com idade entre 10 e 14 anos.
            Tanto o consumo de oxigênio como a FC no DDR nível normal e Wii boxe foram equivalentes a uma caminhada moderada em esteira (4,2 – 5,7 km/h). Sendo que os meninos apresentaram maior gasto energético, principalmente, durante os jogos menos intensos DDR nível inicial e Wii boliche em comparação com as meninas.
            As crianças do estudo tiveram gasto de 360 a 390 kJ, praticando 30 minutos de DDR níveis inicial e normal ou Wii boxe. O uso de video games interativos pode ser uma alternativa em relação aos video games tradicionais, podendo iniciar uma rotina de atividade física, principalmente, em adolescentes obesos e/ou sedentários.

Playing Active Video Games Increases Energy Expenditure in Children
Graf et al.
Pediatrics 2009

domingo, dezembro 04, 2011

Mundial de Handebol Feminino no Brasil


            Bom dia a todos os leitores do blog, essa semana iniciou no Brasil o XX Mundial de Handebol Feminino, o evento é organizado pela International Handball Federation (IHF) e teve seu primeiro evento em 1957 na Iugoslávia.
            Participam 24 países que estão divididos em 4 grupos, a primeira fase começou no dia 2 de dezembro e vai até o dia 9. Classificam para as oitavas de final os 4 primeiros de cada grupo.
            Iniciam-se os confrontos de mata-mata, com os vencedores avançando até o final que sera realizada dia 18 de dezembro. O campeão terá vaga garantida no próximo Mundial e nas Olimpíadas de Londres.

            Lembrando que o Brasil já está classificado para Londres 2012, vale a torcida por uma boa colocação e quem sabe uma medalha. Para mais informações entrem no site: http://www.handballbrazil2011.com/pt/index.asp

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Meias Compressivas e Performance de Corrida


Boa noite, leitores do blog, essa semana falaremos sobre a utilização de artigos esportivos de compressão tem se tornado cada vez mais comuns, acredita-se que tais equipamentos agem na hemodinâmica venosa, perfusão arterial, oxigenação de tecidos profundos e diminuição da oscilação muscular atuando diretamente sobre cinética de lactato e dor muscular. Com tantos fatores a favor desse uso existe uma tendência de utilização do uso desses equipamentos tanto por atletas de elite como para praticantes de atividade física que desejam melhorar seu desempenho esportivo.
            Nesse contexto, encontra-se o artigo publicado pelo Dr. Wolfgang Kemmler e colaboradores em janeiro de 2009, no The Journal of Strength and Condiotining Research. O objetivo desse grupo de pesquisadores foi determinar os efeitos do uso de meias de compressão em alguns parâmetros de performance de corrida em corredores homens saudáveis.
            Os resultados mostraram melhora significativa no tempo de teste, no trabalho realizado e na velocidade máxima alcançada no grupo que usou meias compressivas (compressão de 24 mmHg no tornozelo com diminuição membro acima, mas, estável na área do calcanhar 18 – 20 mmHg) em relação ao controle (meias de corrida normais). Enquanto, não houve alteração significativa no VO2max, na concentração final de lactato, VEmax, equivalente ventilatório , FC e RER.
            O estudo conclui que houve benefício de performance com uso de meias compressivas em corredores masculinos de 25 a 60 anos moderadamente treinados. Os dados coletados apontam uma melhora no LV1 e LV2 percentual em relação aos controles de 2,1 a 6,2% em relação ao controle, podendo não ser relevantes para justificar o aumento de performance. A principal justificativa para a melhora de performance seria maior eficiência mecânica gerando um custo metabólico menor com o mesmo consumo de O2.
            Apesar de todas essas melhoras promissoras ainda necessita-se de maiores informações a respeito do uso de tais equipamentos, a principal crítica do artigo é o fato do mesmo não ser cego, podendo, a melhora ser atribuída ao efeito placebo. Outro fato importante a ser investigado é o uso de tais equipamentos durante provas de calor intenso.
            Fica a pergunta aberta: meias compressivas, moda ou equipamento para melhora de performance?

Effect of compression stockings on running performance in men runners
Kemmler W et al
Journal of Strength and Conditioning Research 2009