terça-feira, março 27, 2012

Protocolos de obtenção do VO2max e novas evidências para a Teoria do Governo Central de Fadiga.

Olá leitores do blog, inicio minha colaboração falando sobre um editorial do British Journal of Sports Medicinede janeiro deste ano que chama a atenção para o artigo "Conventional testing methods produce submaximal values of maximum oxygen consumption" publicado no mesmo fascículo e aproveita para discutir a importância deste e de outros recentes artigos para a Teoria do Governo Central de Fadiga.

No trabalho citado foi testada a hipótese de que o platô de consumo de oxigênio em um protocolo incremental poderia não representar o consumo máximo de oxigênio e ser apenas um fenômeno inconstante que poderia ocorrer inclusive no exercício submáximo.

Para isso desenvolveram um protocolo reverso decremental, definido em função de um teste incremental convencional, devido à hipótese de que caso haja algum mecanismo biológico central que leve a cessação antecipatória do esforço, esse poderia ser atenuado se o sujeito tivesse a noção de que o teste ficaria progressivamente mais fácil à medida que se prolongasse.

26 sujeitos participaram e cada um executou um total de 5 testes. Os 2 testes iniciais foram incrementais para familiarização e para obtenção do VO2max, respectivamente com estágio inicial de 9km/h e aumento de 1km/h/min. Utilizou-se ainda de um teste de verificação supra-máximo 15 minutos após estes 2 primeiros testes, para avaliar o surgimento do platô de oxigênio. A partir daí os sujeitos foram randomizados em 2 grupos. O grupo controle executaria mais 3 testes incrementais e o grupo reverso realizou 2 testes decrementais e encerrou com um último teste incremental.


Para o protocolo decremental utilizou-se como estágio inicial uma velocidade 1km/h superior a do último estágio alcançado no teste incremental, com duração de 1 minuto. Em seguida a velocidade foi reduzida 1km/h e mantida por 30s. Após isso foram feitas reduções de 0,5 km/h que foram mantidas por 30, 45, 60, 90 e 120 s, respectivamente.

Não houve diferença significativa no VO2max entre os grupos controle e do protocolo reverso. Também não houve diferença significativa entre o VO2max dos 5 testes para o grupo incremental. Já no grupo do protocolo reverso, houve um aumento significativo de 4,4% durante o protocolo reverso, que curiosamente e de maneira inesperada, se manteve durante o teste incremental final, apesar de não haver diferenças na performance. Vale ressaltar que este aumento ocorreu inclusive em sujeitos que haviam previamente feito platô de consumo de O2 no protocolo incremental e no teste de verificação supra-máximo, fortalecendo a hipótese de que este não necessariamente significa consumo máximo.

Finalizo recomendando também a leitura do artigo “A new VO2max protocol allowing self-pacing in maximal incremental exercise” que utilizou um protocolo auto-regulado em cicloergômetro com 5 estágios progressivos de 2 minutos cada, com a percepção de esforço fixada para cada estágio em Borg 11, 13, 15, 17 e 20. Desta maneira, cabia ao sujeito determinar o ritmo baseado na sua percepção. Foram obtidos resultados superiores ao do teste incremental convencional.

Tais achados vêm para corroborar com a teoria de que existem mecanismos centrais ainda não claramente conhecidos que provavelmente se manifestam de maneira antecipatória. Com certeza ainda vamos ouvir falar bastante a respeito com os trabalhos que estão por vir.


João Antônio Jr, médico do esporte pela USP

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