quarta-feira, agosto 31, 2011

Clinical Sports Medicine

Em conversa recente que tive com alguns estudantes de medicina interessados na medicina do esporte, percebi que pode ser muito difícil que eles tenham acesso a importantes fontes bibliográficas. Isso acontece por dois motivos principais: primeiro por não serem apresentados a estas fontes e, segundo, pelo fato dos principais livros de medicina do esporte dificilmente serem encontrados nas livrarias de nosso país. Ou seja, a maior parte dos estudantes desconhece a existência destes livros, e os poucos que conhecem precisam importá-los sem ao menos terem a possibilidade de folheá-los antes.

Pensando nisso resolvi escrever um pouco sobre um livro australiano muito bom, que contempla os principais assuntos da especialidade: Clinical Sports Medicine, de Peter Brukner e Karim Khan.

Este livro é muito interessante para médicos do esporte por inúmeros motivos:


  • É bastante abrangente.

  • Apresenta o que há de mais atual na medicina do esporte baseada em evidências.

  • Discute detalhadamente o tratamento clínico das afecções relacionadas à medicina do esporte.

  • A abordagem das afecções musculoesqueléticas é feita pelos sintomas e não pela lesão, o que o torna mais próximo da realidade prática (vejam o índice abaixo).

  • Visual agradável e convidativo, tornando a leitura fácil e prazerosa.


É um bom livro para aprender medicina do esporte, lendo-o do início ao fim. Também é muito prático (exceto pelo peso) para usar como fonte de consulta de dúvidas específicas. Na minha opinião é um livro que todo médico do esporte deve conhecer.



Índice:



Sports injuries

Pain: where is it coming from?

Beware: conditions masquerading as sports injuries

Biomechanics of common sporting injuries

Principles of injury prevention

Recovery

Principles of diagnosis: clinical assessment

Principles of diagnosis: investigations including imaging

Treatments used for musculoskeletal conditions: more choices and more evidence

Core stability

Principles of rehabilitation

Sports concussion

Headache

Facial injuries

Neck pain

Shoulder pain

Elbow and arm pain

Wrist, hand and finger injuries

Thoracic and chest pain

Low back pain

Buttock pain

Acute hip and groin pain

Longstanding groin pain

Anterior thigh pain

Posterior thigh pain

Acute knee injuries

Anterior knee pain

Lateral, medial and posterior knee pain

Shin pain

Calf pain

Pain in the achilles region

Acute ankle injuries

Ankle pain

Foot pain

The patient with longstanding symptoms

Maximizing sporting performance: nutrition

Maximizing sporting performance: to use or not to use supplements?

Maximizing sporting performance: psychology principles for clinicians

The younger athlete

Women and activity-related issues across the lifespan

The older person who exercises

The disabled athlete

Sport and exercise-associated emergencies: on-site management

Cardiovascular symptoms during exercise

Respiratory symptoms during exercise

Gastrointestinal symptoms during exercise

Diabetes mellitus

The athlete with epilepsy

Joint-related symptoms without acute injury

Common sports-related infections

The tired athlete

Exercise in the heat

Exercise at the extremes of cold and altitude

Exercise prescription for health

The preparticipation physical evaluation

Screening the elite athlete

Providing team care

Traveling with a team

Medical coverage of endurance events

Drugs and the athlete

Ethics and sports medicine


quarta-feira, agosto 24, 2011

Comparação Entre Dieta e Exercício no Perfil Lipidico em Adultos Obesos

            Boa noite a todos que acompanham o Blog, esta noite trouxe um artigo do Jornal Lipids in Health and Disease de 2011, onde, foram comparados dieta e exercício no perfil lipídico dos pacientes obesos.
            A dislipidemia, assim, como a relação entre HDL e LDL estão intimamente associadas com doenças cardiovasculares. Além disso, sobrepeso e obesidade aumentam a chance do paciente apresentar dislipidemia.
            No estudo foram utilizadas duas formas de dieta: restrição calórica (diminuição de 15-40% da necessidade calórica diária) e dia de jejum alternado (um dia com restrição de até 75% das necessidades calóricas diárias alternado com um dia em que podem comer a vontade). Também foi implementado um grupo que realizou exercício aerobico 3 vezes por semana (bicicleta ergométrica ou elíptico) progressivo, até chegaram a 75% da FC max por 60 minutos na décima semana. A duração do estudo foi de 12 semanas.
             Foram divididos em 4 grupos: 1. Restrição calórica, 2. Dia de jejum alternado, 3. Exercício aerobico e 4. Grupo controle. Foram pareados pela idade média, sexo, IMC e concentrações de LDL e HDL. Após as 12 semanas os indivíduos dos 3 primeiros grupos perderam cerca de 5% do peso corporal, enquanto o grupo controle permaneceu com o peso estável.
            Em relação aos resultados, os grupos que realizaram a dieta com emagrecimento apresentaram redução das concentricões de LDL, enquanto o grupo exercício apresentou aumento das concentrações de HDL.
            No entanto, já foram realizados alguns estudos que comprovaram melhora nas concentrações de HDL com dieta quando ocorre maior porcentagem de emagrecimento. Quanto ao exercício, as concentrações de LDL costumam diminuir quando ocorre atividade física aerobica acima de 75% da FC max.

Varady et al. Lipids in Health and Disease 2011, 10:119

quarta-feira, agosto 17, 2011

Chuteiras, Performance e Lesões.


            Boa noite a todos os leitores do blog, essa semana iremos falar de futebol, para ser mais exato falaremos um pouco sobre chuteiras e sua relação com a performance e com as lesões. O nome do artigo em ingles é “The Influence of Soccer Shoe Design on Player Performance and Injuries”, uma revisão do “Research in Sports Medicine”.
            O artigo relata desde os primordios do futebol, onde eram utilizadas botas de operario que pesavam cerca de 500 g, chegando até 1 kg quando molhadas. Chegando até as chuteiras atuais modernas, apresentam grande conforto, são leves e aumentam a tração. Além disso, ocorreu grande evolução no jogo, tornando-se extremamente rápido nos dias atuais.
            Uma pesquisa realizada entre jogadores de futebol algumas características foram consideradas as mais importantes: conforto, estabilidade peso e propriedade de tração. O conforto permite o jogador executar seus movimentos de maneira livre demonstrando o melhor de sua habilidade, o peso da chuteira e suas propriedades de tração alteram sua rapidez na mudança de direção, podendo aumentar sua performance.
            Em relação a aumentar a velocidade da bola após o chute, o peso e a rigidez do solado não interferiram nesse quesito. No entanto, o tecido que recobre o dorso do pé, assim como sua costura interferem tanto na velocidade da bola quanto em sua precisão. Um material pouco aderente tende a prejudicar a força e a precisão do chute.
            Existe pouca evidência em relação a lesões traumaticas e de overuse com a diferença de tração em gramas artificiais e grama natural. É sempre importante lembrar que a lesão traumatica mais comum no futebol é o entorse de tornozelo, enquanto as lesões mais graves mais comuns, são as lesões do joelho.

quarta-feira, agosto 10, 2011

Imersão em Água Gelada e outras Formas de Recuperação no Esporte

O uso de técnicas para recuperação após treinos e competições é um assunto muito controverso em medicina do esporte. Apesar de não haver forte evidência científica justificando seu emprego, massagens, recuperação ativa, imersões e outras técnicas são muito difundidas, pois atletas e treinadores relatam experiências positivas com seu uso. Dentre as modalidades mais aceitas pelo meio esportivo podemos destacar a imersão em água gelada. Em alguns esportes, como Rugby, este tipo de imersão faz parte da rotina dos atletas em competição, especialmente quando o intervalo até o próximo embate é curto.

Em artigo publicado este ano no European Journal of Applied Physiology, Pournot e colegas estudaram os efeitos de algumas técnicas de recuperação em atletas de elite do futebol, rugby e volei após 20 min de exercício intermitente exaustivo. No estudo, foram avaliadas a imersão em água fria (10 graus), termoneutra (36 graus) e contraste (10-42 grau), além da recuperação passiva. Os resultados sugerem que o contraste e, especialmente, a imersão em agua fria podem trazer alguns benefícios na recuperação dos atletas.

A imersão em agua a 10 graus, após sessão de exercício intermitente exaustivo, demonstrou melhora da força de contração muscular após uma hora e após 24 horas. Além disso, os atletas que realizaram a imersão em agua fria obtiveram melhor desempenho na impulsão vertical, aferida uma hora após a sessão de exercício exaustivo. Em relação aos marcadores de lesão muscular, a CPK estava aumentada após 24 hs da sessão de exercício em todos os grupos, exceto no grupo que realizou imersão em água fria, sugerindo uma proteção à lesão muscular com esta modalidade.

Os resultados do presente estudo sugerem que o emprego de técnicas de imersão em agua fria podem ser benéficas para a recuperação em esportes coletivos. Este estudo mostra também o quanto é importante buscarmos evidências científicas para técnicas controversas e empiricamente consagradas na medicina do esporte.


Pontos de destaque:

1- Várias técnicas de recuperação são utilizadas nos esportes.

2- Existem poucos estudos sobre a efetividade destas técnicas.

3- Estudos recentes sugerem que a imersão em agua fria pode ajudar a recuperação de atletas.

quarta-feira, agosto 03, 2011

Bebida Energética e Exercício


            Boa Noite a todos, o assunto de hoje é sobre bebidas energéticas e o seu possível uso em atividades físicas. O primeira constatação do artigo é a diversidade do conteúdo de tais bebidas, os ingredientes variam muito, mas, o que chama mais atenção é a quantidade de cafeína que pode variar de 50 mg a 505 mg por lata.
            Dentre os ingredientes comuns destacam-se: cafeína, taurina, glucoronolactona, guaraná e vitamina B.  Destes, somente a cafeína apresentou efeito ergogênico, principalmente, em atletas de endurance. Substâncias como taurina, glucoronolactona e Ginseng ainda não demonstraram melhora de performance esportiva, sendo necessárias investigações adicionais. Outra substância encontrada em baixas doses é o Guaraná, no entanto, a sua semente pode conter grandes quantidades de cafeína, além de teobromina e teofilina.
            O abuso de cafeína apresenta efeitos colaterais comprovados que podem se iniciar após a ingesta de 200 mg da substância, incluem insônia, nervosismo, cefaléia, taquicardia, arritmia e náusea. Além disso, existe a possibilidade de aumentar a diurese.
            O uso dessas bebidas em associação com álcool também tem sido utilizada com frequência por adultos jovens, podendo traduzir-se em uma combinação perigosa, pois, a bebida energética pode diminuir os danos da função cognitive e diminuindo os sintomas depressivos do álcool, aumentando a possibilidade de acidentes e dependência alcoólica.
            Outro ponto importante é o excesso de carboidrato encontrado nas bebidas energéticas, em geral, são encontrados 54 g de CHO em uma lata de 500 mL, podendo desenvolver desconforto gástrico durante a atividade física.
            De maneira geral, deve-se restringir o uso de bebidas energéticas para apenas uma lata, sendo importante orientar evitar alimentos ricos em cafeína. Além disso, os efeitos estimulantes podem levar a desidratação, sendo necessária uma boa reidratação. Seu uso em atividades de resistência como maratonas e ciclismo devem ser bem avaliadas. O uso por cardiopatas deve ser evitado ou pelo menos ingerido com cautela.
           
Artigo de novembro de 2010 da Mayo Clinic Proceedings – Energy Beverages: Content and Safety