quarta-feira, setembro 28, 2011

Berço de Campeões ou Campeões desde o Berço?


            Boa noite a todos, o tema desta semana baseia-se no artigo do British Journal of Sports Medicine escrito por Andres E Carillo e colaboradores em 2011. Nele os autores abordam questões como genética e evolução das espécies para explicar o domínio Africano nas provas de maratona.
            Desde 1960, quando iniciaram suas participações em maratonas internacionais, os atletas do leste da África vêm liderando o pelotão de frente nas corridas de longa distância, e hoje detêm os 10 melhores tempos.
            Obviamente o treino em grandes altitudes, maiores níveis de atividade física, resistência a fadiga, economia de corrida e genética são alguns dos fatores responsáveis por tal domínio, entretanto, ainda existem mistérios por trás do sucesso desses corredores. A conexão entre fatores de desenvolvimento nos primeiros anos de vida e alta performance ainda não recebem muita atenção.
            Em humanos, a atividade física nos primeiros anos de vida aumenta a massa do ventrículo esquerdo, proteínas miofibrilares, coordenação motora e reduz o nível de citocinas inflamatórias na idade adulta. Além disso, velocidade de processamento também está ligada a maior atividade física através da possível estimulação de fatores tróficos e desenvolvimento neuronal ou aumento da circulação cerebral pela maior vascularização.
            Aumentam as evidências de que a exposição precoce a grandes altitudes e seus conseqüentes ajustes metabólicos durante os períodos iniciais do desenvolvimento podem influenciar numa melhor performance física posteriormente. Como indicador disto, os 13 melhores maratonistas do leste africano nasceram em lugares com altitude superior a 1500 m. Além do que, os fatores genéticos transmitidos através das gerações podem levar a uma melhor adaptação desses indivíduos até mesmo no pré-natal.

quinta-feira, setembro 22, 2011

Avaliação da Síndrome Compartimental

Esta semana nosso post em medicina do esporte trata de um assunto pouco elucidado, a investigação da síndrome compartimental crônica relacionada ao exercício (CECS). O British Journal of Sports Medicine do mês de setembro publicou um artigo sobre avaliação minimamente invasiva da CECS. Neste artigo os autores australianos Hislop e Batt expõe o problema de não haver um protocolo universalmente aceito para avaliação da CECS, e de não haver um consenso de como devemos realizar esta avaliação.

No artigo os autores sugerem que devemos evitar inserções desnecessárias de agulhas. Apesar de, em mãos experientes, o índice de complicações ser baixo, o exame é invasivo e não está livre destas. Algumas são importantes, como infecções, lesões neurovasculares e risco de sindrome compartimental aguda necessitando de fasciotomia de urgência. Portanto, na opinião dos autores, qualquer protocolo que limite a inserção de agulhas deve ser promovido.

Sobre a avaliação em casos com sintomas bilaterais, que correspondem a 75 a 90% dos casos, o artigo advoga pelo teste apenas na perna mais sintomática. Assim, se o teste for positivo e o paciente apresentar clínica compatível no membro contralateral, considera-se o caso como bilateral. Os autores também são contra a avaliação da pressão em diversos compartimentos pois os pacientes geralmente apresentam clínica em apenas um, ou no máximo dois, compartimentos. Da mesma forma o artigo recomenda que não utilizemos medições pré-exercício pois sabe-se que a pressão compartimental de repouso é entre 0 e 8 mmHg, e para a aferição em repouso são necessárias inserções extras.

Na falta de um protocolo consagrado, o uso de testes menos invasivos é algo que deve ser considerado. Por outro lado existem autores que recomendam protocolos mais invasivos, inclusive um destes protocolos foi publicado no mesmo volume do Britsh Journal of Sports Medicine.

quarta-feira, setembro 14, 2011

Workshop de Emergências no Futebol


Boa noite aos nossos leitores do blog, essa semana tivemos um curso de Emergências no Futebol da FIFA realizado nos dias 13 e 14 de setembro, pelo Dr. Efraim Kramer responsável pela organização da parte médica da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul.
O curso explorou desde assuntos relativos a organização, conhecimento adequado do local de trabalho, que podem ser desde as instalações de treino até os grandes estádios da copa, evacuação para hospitais, tipos mais comuns de emergências no futebol, protocolos de atendimento, entre outros.
A Copa do Mundo é o maior evento esportivo do planeta capaz de mudar todo o pais por pelo menos 6 semanas. Para garantir que jogadores, organizadores, autoridades e torcedores do mundo possam dispor de atendimento médico de qualidade é necessário boas instalações dentro dos estádios e em seu trajeto, além de equipe médica bem treinada e pronta para realizar qualquer procedimento.
Dentre os problemas mais comuns que ocorrem dentro de um estádio de futebol estão: epilepsia, hipoglicemia, mal súbito cardíaco, lesões cervicais e asma. Os protocolos de atendimento utilizados na África do Sul foram apresentados, além, das listas de equipamentos e medicamentos necessários para a competição.
Ocorreu também, treinamento prático em relação a imobilização de pacientes, atendimento de espectadores e jogadores que sofreram colapso em diversas áreas  do estádio, dos gramados até as arquibancadas. Mostrando as particularidades do atendimento no futebol.

quarta-feira, setembro 07, 2011

Prevalência de Overtraining em Jovens Atletas Ingleses


            Boa noite a todos, nosso artigo de hoje fala sobre overtraining em atletas jovens ingleses. Este artigo foi publicado em 2011 no jornal Medicine and Science in Sports and Exercise.
            Inicialmente, definiu-se overtraining como diminuição ou decréscimo de performance, em atletas hígidos, que pode persistir por semanas até meses. Podendo estar associado com sintomas inespecíficos como distúrbios de humor, aumento da percepção de esforço durante treino ou competição, aumento na incidência de doenças de via aérea superior, perda de apetite, distúrbios do sono e sentimentos de depressão.
            Até hoje a carga de treino e o repouso inadequado são os principais fatores causadores de tal síndrome, no entanto, questiona-se o papel dos estressores psicossociais no quadro. No estudo, participaram 376 atletas de 19 modalidades diferentes que praticavam seus esportes de 4 a 8 anos, com níveis de treinamento diferentes, apresentavam média de idade de 15 anos. 
            Cerca de 29% dos atletas referiram apresentar o quadro de overtraining em algum momento de suas vidas, as mulheres apresentaram um incidência um pouco maior em relação aos homens. Esportes individuais também apresentavam maior incidência em relação aos esportes coletivos e o nível de treinamento se competiam em nível regional ou estadual em relação aos atletas que competiam em âmbito nacional ou internacional. Além disso, o fato de dispor de menos de 5 horas semanais para atividades de lazer fora do esporte demonstrou ser um fator de risco para o desenvolvimento do quadro.
            Os sintomas apresentados pelos jovens atletas foram semelhantes aos desenvolvidos em adultos, excetuando a maior incidência entre as jovens em relação aos garotos.
            Ainda há muito a se conhecer sobre o overtraining, desde as causas dessa síndrome até ferramentas diagnósticas e de controle. Mas, deve-se lembrar que existem cada vez mais evidências que os fatores psicológicos estejam mais envolvidos nesse processo.

Prevalence of Nonfunctional Overreaching/Overtraining in Young English Athletes.
Nuno F. Matos, Richard J. Winsley and Craig A. Williams
Medicine and Science in Sports and Exercise 2011