quarta-feira, novembro 23, 2011

Retorno ao esporte após lesão do LCA

O assunto da semana diz respeito a um tema muito frequente na medicina do esporte: o retorno após reconstrução do LCA. Será que os critérios utilizados são adequados para que o atleta retorne ao seu esporte com segurança? Um simples teste isocinético com resultados dentro dos padrões da normalidade, associado à estabilidade articular, é o suficiente para afirmarmos que o atleta retorna ao esporte sem um risco aumentado de novas lesões?

Seria muito bom se as coisas fossem tão simples, tudo preto no branco. Infelizmente não são. Cada vez mais percebemos que ainda há muito o que aprender na campo da reabilitação. A experiência clínica e estudos científicos nos mostram que, mesmo quando um atleta apresenta os critérios clássicos para o retorno ao esporte após reconstrução do LCA, o risco de novas lesões é muito alto.


Mas o que, então, devemos fazer para minimizar os riscos?

A verdade é que estamos longe de conhecer tudo que funciona (e o que não funciona) para a prevenção de novas lesões. A notícia boa é que a ciência está mostrando novidades que merecem ser testadas, em especial as relacionadas com a biomecânica dos atletas.

Estudos contemporâneos têm demonstrado que alterações proximais (tronco, pelve e quadril) podem estar intimamente relacionadas com lesões do joelho. Recentemente foi evidenciado que, no momento que atletas com reconstrução do LCA são liberados para retorno ao esporte, existem alterações biomecânicas do quadril contralateral devido ao desequilíbrio de carga ( na tentativa instintiva de “poupar” o joelho operado). Estas alterações levam ao desalinhamento do membro e sobrecarga de diversas estruturas do joelho, entre elas o LCA. Este é um potencial motivo para a alta incidência de rupturas contralaterais após o retorno ao esporte.

Desta forma, a rotação interna e adução dinâmica do quadril durante a fase de apoio, especialmente em saltos e mudanças de direção, deve ser considerada com mais atenção antes do retorno ao esporte após lesões do LCA. Isto porque estas duas variáveis, associadas ao desequilíbrio de carga entre os membros, assim como as alterações de equilíbrio podem ser importantes preditores para uma nova lesão ligamentar.


Rotação Interna e Valgo Dinâmico do quadril devem ser corrigidos.


É evidente que há muito a ser descoberto nessa área, por outro lado, vivemos um momento em que novos paradigmas começam a ser firmados. Não podemos ignorar novos modelos que começam a surgir, mas sim, temos que considerá-los de forma crítica pois possivelmente se firmarão como modus operandi num futuro próximo.

quinta-feira, novembro 17, 2011

Leite com Chocolate na Recuperação de Atletas


            Boa noite leitores do blog, essa semana falaremos sobre o papel da alimentação na recuperação de atletas. O artigo escolhido é do Journal of Strength and Conditioning Research deste ano. O objetivo do estudo foi comparar a recuperação com achocolatado desnatado e bebida esportiva.
            Foram avaliados meninos e meninas que jogam futebol, o teste utilizado foi o de 20 metros até a exaustão, é colocado temporizador sonoro e quando o atleta não consegue mais manter o ritmo, o teste é interrompido. De um total de 26 atletas completaram o estudo 13 voluntários.
            Entre as meninas (8) não foram observadas alterações, no entanto, nos meninos (5), ocorreu melhora significativa no tempo até exaustão.
            Entre as razões que poderiam explicar tal ocorrido encontra-se o fato do leite apresentar carboidratos em quantidade semelhante ao das bebidas esportivas isotônicas, apresentarem boa quantidade de BCAA, whey protein e caseína, mantendo boas concentrações plasmáticas de aminoácidos. Além disso, o leite apresenta sódio e potássio e ajudam na reidratação.
            Concluindo, ainda são necessárias mais pesquisas em relação a ingesta de leite com achocolatado na recuperação de atletas, no entanto, o leite pode ser utilizado imediatamente apos o exercício e servir como importante fonte de carboidratos e proteínas, além de auxiliar na reposição de eletrólitos. 

The effects of low fat chocolate Milk on postexercise recovery in collegiate athletes
Spaccarotella KJ and Andzel WD
Journal of Strength and Conditioning Research

quinta-feira, novembro 10, 2011

Atualizações no Exame Pré Participação


            Boa noite aos leitores do blog, hoje irei comentar alguns pontos novos nas avaliações pré participação em atletas, trata-se de uma revisão de 2011 da revista Clinics in Sports Medicine. O artigo fala sobre os exames realizados pelos norte-americanos, baseado nas recomendações da American Heart Association e American College of Sports Medicine de 1996 e atualizado em 2007 sobre screening cardiovascular.
            O primeiro ponto em relação ao exame é a necessidade de padronizar o exame, questionários aplicados no colegial e faculdades apresentam respostas erradas comprometendo a avaliação. Além disso, os profissionais responsáveis não apresentam o mesmo treinamento dos profissionais que realizam o mesmo exame na Itália.
            Em relação a atualizações do exame pré participação 4 pontos principais foram relatados: 1. Concussão, 2. Atleta Mulher, 3. Traço Falciforme e 4. Atletas com necessidades especiais(atletas paraolímpicos e com deficiência intellectual).
            Na concussão, tem sido incluídos testes neuropsicológicos e realizados protocolos de retorno ao esporte. Investigação sobre distúrbios alimentares e disfunção menstrual devem ser parte integrante da avaliação da mulher atleta. Apesar de ainda não ser uma recomendação universal, a National Collegiate Athletic Association (NCAA), tem incluído o screening em atletas que não tenham sido previamente investigados. Finalmente, os atletas com necessidades especiais foram destacados para terem uma avaliação cada vez mais individualizada, levando-se em conta qual é a sua limitação e qual é o esporte praticado.
            Outra sugestão seria a realização de um questionário virtual, no qual, o atleta poderia respondê-lo em sua própria casa, padronizando o teste por todo o país, além da comodidade de realizá-la.

The preparticipation physical examination: an update
Seto CK.
Clin Sports Med. 2011 Jul;30(3):491-501

quinta-feira, novembro 03, 2011

Lesões no Rugby Feminino (Copa do Mundo de Rugby 2010 – IRB)


            Bom dia leitores do blog, o tema dessa semana aborda um esporte que esteve em pauta neste mês de outubro, com a realização da Copa do Mundo Masculina de Rugby na Nova Zelândia e da participação brasileira no Panamericano de Guadalajara.
            Em artigo publicado no British Journal of Sports Medicine em setembro de 2011 foram relatados dados de lesões que ocorreram durante a Copa do Mundo Feminina de Rugby de 2010 da International Rugby Board (IRB).
            Os problemas mais comuns encontrados foram: lesões dos ligamentos dos joelhos (15%), lesões dos ligamentos do tornozelo (13%) e concussão (10%). Os locais mais acometidos foram: joelho (28%), cabeça/face (23%) e tornozelo (13%). Os dados obtidos durante a mesma competição em 2006, são similares.
            A jogada onde ocorrem a maioria das lesões é o tackle, sendo que o jogador que o recebe apresenta maior chance de lesão em relação ao jogador que o realiza.
            Em resumo: 1. Apenas uma lesão ocorreu durante os treinos, 2. Lesões ligamentares de joelho são as mais comuns, 3. O tackle é a maior causa de lesões, 4. O risco de lesão é menor entre as mulheres em relação aos homens durante competições internacionais.