O assunto da semana diz respeito a um tema muito frequente na medicina do esporte: o retorno após reconstrução do LCA. Será que os critérios utilizados são adequados para que o atleta retorne ao seu esporte com segurança? Um simples teste isocinético com resultados dentro dos padrões da normalidade, associado à estabilidade articular, é o suficiente para afirmarmos que o atleta retorna ao esporte sem um risco aumentado de novas lesões?
Seria muito bom se as coisas fossem tão simples, tudo preto no branco. Infelizmente não são. Cada vez mais percebemos que ainda há muito o que aprender na campo da reabilitação. A experiência clínica e estudos científicos nos mostram que, mesmo quando um atleta apresenta os critérios clássicos para o retorno ao esporte após reconstrução do LCA, o risco de novas lesões é muito alto.
Mas o que, então, devemos fazer para minimizar os riscos?
A verdade é que estamos longe de conhecer tudo que funciona (e o que não funciona) para a prevenção de novas lesões. A notícia boa é que a ciência está mostrando novidades que merecem ser testadas, em especial as relacionadas com a biomecânica dos atletas.
Estudos contemporâneos têm demonstrado que alterações proximais (tronco, pelve e quadril) podem estar intimamente relacionadas com lesões do joelho. Recentemente foi evidenciado que, no momento que atletas com reconstrução do LCA são liberados para retorno ao esporte, existem alterações biomecânicas do quadril contralateral devido ao desequilíbrio de carga ( na tentativa instintiva de “poupar” o joelho operado). Estas alterações levam ao desalinhamento do membro e sobrecarga de diversas estruturas do joelho, entre elas o LCA. Este é um potencial motivo para a alta incidência de rupturas contralaterais após o retorno ao esporte.
Desta forma, a rotação interna e adução dinâmica do quadril durante a fase de apoio, especialmente em saltos e mudanças de direção, deve ser considerada com mais atenção antes do retorno ao esporte após lesões do LCA. Isto porque estas duas variáveis, associadas ao desequilíbrio de carga entre os membros, assim como as alterações de equilíbrio podem ser importantes preditores para uma nova lesão ligamentar.
Rotação Interna e Valgo Dinâmico do quadril devem ser corrigidos.
É evidente que há muito a ser descoberto nessa área, por outro lado, vivemos um momento em que novos paradigmas começam a ser firmados. Não podemos ignorar novos modelos que começam a surgir, mas sim, temos que considerá-los de forma crítica pois possivelmente se firmarão como modus operandi num futuro próximo.