quarta-feira, junho 29, 2011

Fatores de Risco para Lesões Musculares no Futebol

Olá camaradas do Sports Medicine Brasil! Esta semana comentaremos um estudo sobre lesões musculares no futebol, realizado pela Universidade de Atenas e publicado no último volume do British Journal of Sports Medicine.

O estudo coorte conduzido por Konstantinos Fousekis avaliou 100 atletas durante a pré-temporada, com o intuito de identificar fatores de risco para lesões musculares de isquiotibiais e quadríceps. Foram avaliados os seguintes possíveis fatores de risco: assimetria de força muscular, flexibilidade, propriocepção, estabilidade do joelho, lesão prévia e dados antropométricos.

Durante a temporada, 38 jogadores sofreram alguma lesão muscular em membros inferiores. Destas, 42.1% foram lesões sem contato de isquiotibiais e 18.4% lesões sem contato de quadríceps. Atletas com assimetria de força excêntrica, assimetria de comprimento de membros inferiores e sem história prévia de lesão de isquiotibiais apresentaram risco aumentado de lesão deste grupo muscular. Jogadores com assimetria de força excêntrica e flexibilidade do quadríceps, assim como os mais pesados e de menor estatura apresentaram maior risco de lesão desta musculatura.

Alguns pontos chamam a atenção neste trabalho:

a) O primeiro é a incidência elevada de lesões musculares no futebol. Quase 40% dos atletas sofreram este tipo de lesão em uma única temporada. Este achado corrobora o de outros estudos, inclusive um estudo brasileiro de Pedrinelli (1994) que encontrou as lesões musculares entre as mais incidentes neste esporte.

b) O segundo ponto que se destaca é a assimetria de força excêntrica como fator de risco de lesões musculares. Embora este achado seja previsível devido ao mecanismo de lesão, poucos estudos avaliaram de forma objetiva este parâmetro.

c) O terceiro aspecto importante nos resultados deste estudo foi o fato de atletas sem lesão prévia estarem mais sujeitos a sofrer lesão. Este achado, sim, é muito interessante pois difere de outros estudos e da prática clínica que observamos nos esportes. Podemos especular que uma reabilitação bem feita após a lesão antiga, possibilitando uma adequada recuperação e corrigindo déficits prévios do atleta e, portanto, diminuindo seus fatores de risco, pode ter sido responsável por este achado.


Certamente precisamos de mais estudos para entendermos melhor os fatores de risco de lesões e relesões musculares. Porém, precisamos incluir, em nossa prática diária, os achados de estudos como este da Universidade de Atenas. Só assim poderemos diminuir a incidência e repercussão destas lesões.

quinta-feira, junho 23, 2011

Team Physician da FIMS e Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte


            Na última quarta feira teve início o curso do Team Physician da FIMS realizado em Petrópolis em associação com o 23° Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte, o curso teve duração de dois dias abordando os assuntos mais importantes para o médico do esporte que deseja atuar em uma equipe esportiva.
            Dentre os assuntos abordados estavam desde a estrutura do departamento médico, seja ele em um clube ou a beira da competição, passando por particularidades como atletas idosos.
            Foi citada a importância do consenso publicado após a 36° Conferência de Bethesda. Sendo reforçada a necessidade do exame pré-participação, que além de afastar patologias cardiovasculares, também, deveriam avaliar o aparelho músculo esquelético.
            O foco do curso não foi trazer novidades dentro da medicina esportiva, mas, servir como revisão e fonte orientadora dos profissionais médicos que irão trabalhar em equipes nos mais diversos esportes.
            Quanto ao Congresso Brasileiro de Medicina Esportiva ficou marcado pelas parcerias com diversas subespecialidades e profissionais diferentes como traumatologia esportiva e artroscopia, nutrologia e psicologia. Enfatizando a necessidade da equipe multiprofissional.

quarta-feira, junho 15, 2011

Posicionamento de Tempo de Suplementação

             Boa noite amigos do Sports Medicine Brasil, no post de hoje iremos falar sobre o Posicionamento da Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva (International Society of Sports Nutrition) sobre tempo para suplementação ou “nutritional timing”.
            Dentre os tópicos abordados estão:
1. O consumo de dieta de alto índice glicêmico e rica em carboidratos para reposição dos estoques endógenos de glicogênio,
2. Durante o exercício, o carboidrato deve ser consumido em uma taxa de 30 a 60 g/hora em solução de 6 a 8% a cada 15 minutos. A adição de proteína, na proporção de 4:1 para melhora de performance e aumento de glicogênio,
3. A ingestão de carboidratos isolada ou em combinação com proteína durante exercício resistido e promover aumento de glicogênio muscular e facilitar adaptações musculares,
4. Consumir carboidrato (8g/kg/dia) e proteína na proporção 4:1 até 30 minutos após exercício pode melhorar a ressíntese de glicogênio,
5. A ingestão pós-exercício (até 3 horas) de aminoácidos, primariamente aminoácidos essenciais, podem estimular aumento da síntese proteica  muscular. Além disso, a adição de carboidrato pode estimular o aumento na síntese de proteína,
6. A adição de creatina a suplementação de carboidrato e proteínas pode estimular a adaptações musculares ao treino resistido,
7. O “timing” de nutrients incorpora o uso de planejamento metódico da dieta alimentar, nutrients extraídos dos alimentos e outras fontes.
            O assunto citado anteriormente é extremamente estudo pela literatura mundial e promove grandes discussões, já existem, algumas evidências a favor deste posicionamento.  O último item explicita a importância de realizar uma alimentação balanceada para o sucesso da suplementação.
            Os posicionamentos tem se tornado cada vez mais utilizados pelos profissionais atuando no esporte, no entanto, devem ser um guia e não utilizados como verdades absolutas incontestáveis. O aprofundamento no assunto do profissional torna-se fundamental para o desenvolvimento da ciência no esporte. 

quarta-feira, junho 08, 2011

Seminário de Síndrome Femuro Patelar ACSM


            Boa noite amigos do Sports Medicine Brasil, em meu último dia no Congresso Anual do American College of Sports Medicine tive a oportunidade de presenciar um seminário esclarecedor a respeito da Síndrome Femuro Patelar.
            A Síndrome Femuro Patelar é um problema muito comum na prática esportiva, também, é um problema desafiador, pois, apresenta-se em forma de dor no joelho, geralmente, na região anterior.
            Um conceito importante relatado no seminário foi a questão do ângulo Q dinâmico, tendendo a aumentar com a movimentação do quadril (adução e/ou rotação interna do quadril). A avaliação do quadril durante o teste denominado “step down”, é de suma importância.
            Outro ponto importante é a relação da fraqueza do quadríceps femural e não somente fraqueza de vasto medial oblíquo com o desenvolvimento da síndrome.
Além disso, a relação da estabilização do quadril durante o gesto esportivo é de suma importância. Dois fatores principais, estão envolvidos na estabilização do quadril, força muscular do glúteo máximo e do glúteo médio e controle neuromuscular.
O uso de vídeo para análise biomecânica do paciente tem se mostrado uma ferramenta importante no dignóstico e no tratamento desses atletas.
Em síntese, o tratamento da Síndrome Femuro Patelar deve focar em quatro fatores principais: 
  • Fortalecimento de Quadríceps Femural,
  • Fortalecimento de Glúteo Máximo e Glúteo Médio,
  • Controle Neuromuscular, 
  • Correção do gesto esportivo.

              

quarta-feira, junho 01, 2011

Ultrassonografia no Auxílio da Medicina Esportiva

Boa Noite amigos do Sports Medicine Brasil,
          Infelizmente hoje não poderei realizar um comentário de um artigo científico, no entanto, estarei passando minhas impressões do primeiro dia de Congresso do American College of Sports Medicine em Denver.
          Existe uma tendência no uso do USG de alta definição por médicos do esporte americanos, esse ano estão sendo realizados vários workshops do assunto e inclusive no final do curso será ministrado um curso introdutório sobre ultrassonografia e medicina esportiva. A tendência é utilizar o exame como complemento ao exame físico, dentre as vantagens está a confirmação do exame físico através da imagem, essa confirmação pode ser fundamental para reafirmar a importância de tratamentos preventivos, tratamento de tendinopatias (atletas em geral não gostam de realizar fisioterapia, principalmente, quando estão pouco sintomáticos), dentre outros.
          Em relação a ressonância temos um exame mais barato, mais rápido e dinâmico, no entanto, mesmo com todas essas vantagens ainda teremos diversas indicações de ressonância, principalmente, em lesões intra-articulares.
          Aparentemente nenhuma novidade até agora, porque muitos clubes profissionais do Brasil já utilizam tal recurso, a grande questão é quem estará comandando o aparelho, tornando o diagnóstico de patologias músculo-esqueléticos mais preciso e rápido, assim como seu tratamento. No entanto, é importante lembrar que em certos casos é importante ter a opinião de um especialista da área, no caso, um radiologista.
          O USG quando bem empregado pode ser um divisor de águas no diagnóstico e tratamento de doenças músculo tendíneas, além de realizar uma análise mais objetiva da lesão.