quarta-feira, maio 25, 2011

A Importância da Medicina do Exercício e do Esporte na Formação Médica.

Atualmente são raras as faculdades de medicina que apresentam a disciplina “Medicina do Exercício e do Esporte” em suas grades curriculares, e quando existe, está presente como optativa. Com as evidências cada vez mais explícitas sobre os benefícios do exercício físico na prevenção e tratamento de doenças crônicas, nos perguntamos até quando deixaremos de ensinar sobre esta ferramenta eficiente, barata e democrática.

A inclusão da Medicina do Exercício e do Esporte (MEE) na grade curricular do curso de medicina é importante não apenas pela forte evidência do papel do exercício nas doenças crônicas, mas também, pelo crescente número de lesões e doenças associadas ao esporte. É essencial, portanto, que clínicos, médicos de família e médicos de outras especialidades tenham acesso a conhecimentos básicos sobre MEE durante sua formação. Além disso, estudantes expostos à MEE teriam oportunidade de direcionar seus aprendizados em exercício físico para suas áreas de interesse.

Ensinar MEE para estudantes de medicina sem interesse em seguir carreira nesta área, os ajudaria a estar melhor preparados para lidar com problemas relacionados à MEE na sua prática futura. A mudança no currículo médico aumentaria o conhecimento sobre os benefícios da atividade física na promoção de saúde e prevenção de doenças. Somado a isso, um mais aprofundado conhecimento sobre os benefícios do exercício poderiam potencializar a adesão de médicos e estudantes de medicina à atividade física. Isso se tornaria importante não apenas para sua saúde, mas também para servirem como um modelo a ser seguido pelos seus pacientes.

Residência médica e pós-graduação em MEE estão disponíveis em nosso país e, assim como em outros campos, é necessário que o estudante tenha a oportunidade de conhecer esta área durante sua graduação. A familiarização dos estudantes com a MEE provavelmente aumentaria seu interesse neste importante campo da medicina.

Certamente temos um longo caminho à frente para encontrarmos e implementarmos o modelo ideal de curso para a graduação. Mas, como diz o ditado chinês, "uma jornada de mil léguas começa com o primeiro passo". E este primeiro passo é a inclusão da MEE na grade curricular.

terça-feira, maio 17, 2011

Avaliação biomecânica do Salto

Hoje comentaremos um artigo interessante sobre uma ferramenta que quantifica o risco do atleta ter lesões de membro inferior.

Este artigo é de maio deste ano. Publicado no “Journal of Sport Rehabilitation” pelo Departamento de exercicio e ciência do Esporte da Universidade da Carolina do Norte - EUA. Entitulado:

“Reliability of the Landing Error Scoring System-Real Time, a Clinical Assessment Tool of Jump-Landing Biomechanics”.

Este artigo é mais informativo do que polêmico como foram a maioria dos “posts” que passaram.

Serve como quantificador de alterações que podem levar o atleta a ter lesões agudas e/ou crônicas nos membros inferiores.

O estudo não correlaciona diretamente com lesões, mas nos dá um “SCORE” que podemos usar de maneira inicial e evolutiva na reabilitação em todos seus níveis.

São utilizadas duas câmeras: uma frontal e uma lateral que verificam as alterações em dois planos. Podemos realizar tais avaliações sem a documentação virtual do movimento, pois sabemos que na prática temos dificuldade para obter tais instrumentos no dia a dia. Poderiamos aplicar os questionários para quantificar e monitorar o atleta em acompanhamento ambulatorial, por exemplo.

Acho que esse tipo de estudo nos traz benefícios maiores do que a maioria, pois podemos utiliza-lo adaptando para a realidade e verificando os resultados em acompanhamento longitudinal.

Boa leitura, e grande abraço.

quarta-feira, maio 04, 2011

Comportamento Alimentar X Inteligência Emocional

O artigo dessa semana é do International Journal of Sports Medicine (2011) e mostra que a prevalência de distúrbios alimentares tem crescido entre os atletas, especialmente entre os que praticam esportes de endurance e aqueles em que as categorias são definidas por peso corporal.
O Objetivo do estudo foi avaliar o comportamento alimentar em judocas e a possibilidade da relação com a inteligência emocional e satisfação corporal.
Metodologia: 45 jovens foram divididos em 2 grupos: 20 judocas e 25 controles e realizados questionários para avaliação psicológica, dos hábitos alimentares e medida antropométrica.
Resultados: Comportamento alimentar: 30% dos atletas e 20% do grupo controle foram diagnosticados com distúrbio alimentar.
70% dos atletas perderam mais de 4 kg durante a temporada. Para isso utilizaram-se da indução de vômitos, jejum, diuréticos e laxantes. O motivo foi atribuído a pressões de treinadores, dos próprios atletas e dos pais.
Já para o grupo controle, os motivos foram atribuídos às pressões sociais e pessoais.
Quanto à inteligência emocional foram avaliados características, a partir de questionário, como: dignidade, independência, empatia, responsabilidade social, tolerância ao estresse, controle impulsivo, flexibilidade, capacidade de resolver problemas e de adaptação, otimismo, felicidade. Os resultados indicaram que atletas têm maior nível de inteligência emocional que o grupo controle.
Avaliando os judocas com e sem distúrbio alimentar, observou-se que a presença de distúrbio relaciona-se com escores mais baixos para felicidade, flexibilidade e empatia.
Conclusão:
Observa-se, portanto, que a presença de distúrbios alimentares está relacionada a escores mais baixos de inteligência emocional. Além disso, sabe-se que a alimentação adequada é fundamental para um bom desempenho esportivo. Então, até que ponto o controle rigoroso do peso por meio do distúrbio alimentar beneficia o atleta?