Em 1985 Noakes e colegas reportaram o primeiro caso de hiponatremia associada ao exercício (EAH) : " A etiologia desta condição parece ser a hiperidratação voluntária com soluções hipotônicas...". Ainda em 1985, este grupo sugeriu que atletas deveriam ser aconselhados quanto aos possíveis perigos da hiperidratação. Em 1991, um estudo em oito ultramaratonistas com EAH (Irving, Noakes e colegas) mostrou que todos apresentavam sobrecarga de fluido entre 1,22 a 5,92 L, provando a relação entre EAH e hiperidratação.
Apesar destes achados, o posicionamento oficial do ACSM de 1996 recomendava que atletas bebessem "o tanto que conseguissem" durante o exercício. Em seu posicionamento oficial de 2007, sobre hidratação e exercício físico, o ACSM apresenta uma sessão sobre EAH mas, segundo Noakes (BJSM, nov 2010), ignora o fato de que o ganho de peso por sobrecarga de fluidos é responsável por cerca de 95% da queda na concentração plasmática de sódio após as provas. Desta forma, mesmo a hiperidratação com bebidas esportivas - que contém sódio - pode levar a EAH.
O fato de que muitos autores apresentam relações com a indústria de bebidas esportivas deve nos levar ao questionamento da validade dos posicionamentos oficiais sobre hidratação e exercício físico.
4 comentários:
Além disso, em muitas provas é oferecido esse tipo de líquido no lugar de água. E muitas pessoas que se hidratam somente com água nos treinos acabam tendo que usar essas bebidas esportivas. Já vi uma maratona em que muitos apresentaram vômitos por conta disso. Um número maior que o normal de pessoas passando mal. Fora os vomitos multicoloridos... Não sou contra, mas acho que a pessoa deve estar habituada ao seu uso para poder usar durante uma prova.
A reposição adequada de líquidos antes e durante o exercício é conhecida por impedir uma queda do volume plasmático, volume sistólico, débito cardíaco e fluxo sangüíneo da pele (KAY & MARINO, 2000). Esta estratégia também promove uma diminuição da temperatura retal e da percepção de esforço, além de impedir um aumento progressivo da freqüência cardíaca (NOAKES, 1993).
Dessa forma, tem sido repetidamente demonstrado que a reposição de fluídos antes e durante o exercício prolongado é um meio eficaz de aumentar a capacidade aeróbia (MAUGHAN, 1999; MARINO et al., 2004).
Entretanto, a maior parte dos estudos existentes a respeito deste tema se preocupou em avaliar a importância da reposição de fluidos em protocolos de exercício de TEMPO ATÉ A EXAUSTÃO (time-to-exhaustion). Estes protocolos sabidamente possuem baixa validade e alto coeficiente de variação (para maior interesse sobre esse assunto, ver comentário de Toby Mundel numa recente editorial do British Journal of Sports Medicine), fato este que pode levar à interpretações defasadas sobre alguns resultados, quando na verdade protocolos de TEMPO DE TESTE (time trial) deveriam ser os mais corretamente utilizados (< coeficiente de variação, > validade).
Curiosamente, boa parte dos pesquisadores envolvidos com esta linha de pesquisa, que defendem a todo o custo a eficácia de bebidas esportivas sobre a performance, é patrocinado ou tem algum tipo de relação com empresas comerciais de bebidas esportivas.... me pergunto o POR QUÊ????
Além das evidências científicas relatadas é possível observar a dificuldade dos atletas em seguirem essas recomendações, especialmente em provas longas como a maratona.
Rômulo Bertuzzi
Eu não sou atleta, mas bebo qdo bebo mto, sabe como é? Recomendo.
Parabéns pelo site. Artigos mto bem escritos.
Vivi
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