terça-feira, abril 12, 2011

O MUNDO DO DOPING



Hoje comentaremos um artigo original do jornal “ Sports Medicine” escrito por Urban Wiesing da Universidade de Tuebingen, Alemanha.
”Should Performance-Enhancing Drugs in Sport be Legalized under Medical Supervision?”
Esta revisão discorre sobre a questão do doping. As “drogas” que melhoram o desempenho poderiam ser permitidas se fossem admistradas e/ou acompanhadas por um médico especializado, podendo avaliar os resultados esperados a cada caso. Essa mudança na regulamentação teria um controle ainda mais rigoroso, devido aos riscos envolvidos. Por isso, o controle de dopagem não perderia sua função, mas transformaria-se num serviço que avaliaria esse risco. Sabemos que uma característica do esporte de alto rendimento é a diminuição da saúde geral ou aumento do risco. O que não seria tolerado, são casos onde há dano permanente ou até mesmo risco de morte, mesmo sabendo que nossa sociedade permite comportamentos e hábitos autodestrutivos.
Nesse mesmo artigo o presidente do Conselho de Bioética relata: “...até provem o contrário, essa máxima deve ser seguida prudentemente: nenhum agente biologico é poderoso o suficiente para desencadear grandes mudanças no corpo ou na mente e é, por si só inteiramente seguros ou sem efeitos colaterais e ou indesejados.
Outra questão: Será que o médico, neste caso, deveria se responsabilizar pelo risco?Já que ele está acompanhando o atleta e ele consentiu que iria iniciar determinada medicação e dar seguimento?
Mais importante ainda, a função do desporto como um modelo a seguir, seria definitivamente danificado. Do ponto de vista prático, o doping não deve ser considerado como uma vantagem de um atleta perante outro, e sim de uma desvantagem intrapessoal.
Abraço,

6 comentários:

Leonardo Hirao disse...

Assunto um tanto quanto delicado, mas, aí vamos nós para desbravá-lo. Acredito que a "legalização" do dopping não trará contribuições positivas para o esporte, assim, como já não trazem.
Mesmo com o acompanhamento médico, não existe evidências suficientes para falar de segurança no uso de anabolizantes, EPO, entre tantos outras substâncias utilizadas para aumento de performance.
De maneira indireta também, poderiam influenciar o seu uso em termos populacionais, trazendo ainda mais malefícios para nível populacional.
Pode parecer utópico, mas, acredito que um dia será possível uma competição limpa.

Anônimo disse...

Realmente, assunto delicado. Como médico, tendo a pensar que os critérios de proibição deveriam estar relacionados apenas com a possibilidade de malefício à saúde e não com performance. Mas esse assunto é bastante polêmico.

Anônimo disse...

Mas como seria o acompanhamento de um médico? Até onde eu sei, não há estudos com credibilidade (prospectivos, trials, metanálises...) sobre o uso da maioria das drogas que melhoram o desempenho, como por exemplo os esteróides anabolizantes. Não se sabe todos os efeitos colaterais, muito menos a relação dose x efeito colateral. Não sabemos comparar o risco de quem quer fazer um ciclo com aqueles que tomam estas substâncias há vários anos. Aliás, não sabemos nem quais as posologias menos maléficas! Não conhecemos ao certo quais as populações de maior risco. Enfim, a literatura nos impede de praticar a medicina baseada em evidências. Logo o acompanhamento médico não teria a relevância que o nome sugere. Não estou dizendo que o médico não valeria de nada, mas sim ressaltando o pouco conhecimento sobre o tema. E por isso a medicina não deve se intrometer nestes assuntos.
Cláudio Baisch

Anônimo disse...

Interessante o colocado pelo Cláudio.
Não é conhecido até que ponto muitas substâncias são seguras. Entretanto existem algumas poucas substancias amplamente utilizadas no tratamento de doenças, que são proibidas pela WADA (ex formoterol no tratamento de doenças respiratórias).
Com o passar dos anos me parece que a tendência está sendo manter na lista as substâncias maléficas para a saúde. Vamos ver...

Anônimo disse...

Ah, discordo de que a medicina não deva discutir estes assuntos. Pelo contrário, acredito que devamos ser os mais ativos nessa discussão.

Anônimo disse...

Acho que: no sentido de responsabilizar a má prática médica, na medida em que tais substâncias são prescritas, deveriam esses prescitores responderem por tais ações maléficas ou pela não beneficência de tais atos. Já que esses tópicos são considerados pilares da bioética e da ética médica.
Talvez isso seria o inicio de uma "freiada" na prescrição "desemfreada" de por exemplo hormonios masculinos, mas, não somente no esporte, mas no cotidiano, nas academias e nos esportes onde o controle é pobre ou inexistente,
abraço.

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