O editorial “Sports and Politics” do British Medical Journal de 2010 traz um tema importante para refletirmos. Qual o real papel de um grande evento esportivo para a cidade-sede?
Richard Budgett, remador campeão olímpico em 1984 e especialista em Medicina Esportiva, é o responsável pelo departamento médico dos Jogos Olímpicos de Londres. Richard não demonstra preocupação quando fala das instalações para atendimento do atleta com a presença de policlínica estruturada com médicos do esporte, aparelhagem para exames de imagem, farmácia, consultórios, área para reabilitação e ainda um setor de emergência. Além disso, demonstra muita segurança quando fala a respeito do controle antidoping “Vamos fazer mais testes do que alguém jamais fez...”. Entretanto, admite que a grande dificuldade a ser vencida será transformar o estilo de vida da população inglesa. Richard pretende conseguir mais de 2 milhões de pessoas ativas durante os Jogos Olímpicos.
Cálculos feitos pelo Comitê Olímpico da Inglaterra mostrou que os Jogos de 2012 custarão para cada cidadão inglês 150,00 libras. E o que receberão em troca? Para Richard Budgett, caso o incentivo dos Jogos na transformação do estilo de vida da população inglesa não ocorra, essa troca não valerá à pena.
Lembre-se: depois dos Jogos Olímpicos de Londres seremos nós o grande anfitrião! E o que queremos em troca?
9 comentários:
Esta é uma importante questão. Será que existirá algum benefício em termos de saúde pública com os Jogos do Rio? Realmente, não sei. Espero que sim.
Em um país de dimensões continentais não podemos nos contentar apenas com as estruturas que serão construídas no Rio de Janeiro, precisamos quebrar as barreiras e extender o espírito olímpico. No Brasil a criação de políticas de incentivo ao esporte e atividade física com a real aplicação de tais projetos seria de fundamental importância. O benefício de sediar uma Olimpíada e uma Copa do Mundo deve ser passado direta e indiretamente para toda a população.
Texto muito bom e relevante dada sua importancia e pouco espaco de discussao. Ouve-se muito falar em seguranca, transporte, turismo e educacao. Mas politicas publicas e melhorias na saude quase nao se comenta no tema de impactos dos mega-eventos!
Parece-me tambem que o coordenador da medicina dos Jogos de Londres, os quais estarei presente, nao esta muito seguro a respeito ds efetividade das acoes nesse sentido. Sera por falta de um planejamento, verba, compreensao da importancia, dificuldade inerente ao objetivo, estabelecimento correto dos objetivos? Nao sei, seria importante ler todo o trabalho e mais ainda conhecerma fundo essa politica implantanda na terra da rainha.
Aqui no Brasil, terra de muitos reis e rainha agora tambem, creio que sera um tema paralelo, que vai ganhar força e que tem em sua cidade-sede um outdoor para projetos de implantacao de politicas que sejam realmente efetivas e beneficas a sociedade! O preco aqui sera alto, mas #euacredito!
Gostaria, mesmo, de acreditar que a nossa população vai receber ganhos com os jogos Olímpicos. Diz o jargão: precisamos aprender com o passado. Logo, vem a mente o PAN2007 no RIO. Lamentável. Não vejo grandes modificações a médio e longo prazo. Talvez, no ano do evento teremos algumas "vantagens", quem sabe o bolsa Olimpiadas. Deficiência das esferas de poder do esporte Brasileiro: transparência. Deixemos a politica lobista, que surjam pessoas dispostas a modificar essa visão negativa, . Apesar de todo pessimismo, permeia nos brasileiros, ingênuos, o espirito de solidariedade. E tenho certeza que isso talvez seja algum dos pontos chaves ao qual eventos como esse desencadeie. E não como o proprio Budgett falou, as instalações.
Essa discussão deve ser o norte para a construção de uma cultura nacional para o desenvolvimento do esporte brasileiro... E não, somente, em momentos onde os holofotes estão virados para nosso país...
Sobre a enquete, eu como professor de educacao fisica, professor de esportes em reabilitacao, vou fazer muito minha parte para os jogos olimpicos no Brasil contribuirem positivamente para a populacao brasileira que esta direta e indiretamente relacionada comigo para que eles tambem contribuam nesse sentido.
Creio que deve ser o pensamento de todos envolvidos com esporte e saude no Brasil!
Abracos e parabens pelo blog
É esse tipo de coisa que o esporte no Brasil precisa:
http://www.youtube.com/watch?v=N-IH4FQguO8
Parabéns pelo texto Aninha.
Acho que é importante não só debatermos o tema. Devemos fazer o possível para que isto aconteça. Concordo que a cultura do nosso país deva mudar neste aspecto e em muitos outros! Um país onde o foco é o futebol, outros esportes devem também ser valorizados. Muitos esportes olímpicos são ainda amadores no nosso país. Faltam recursos e investimentos. Isso me deixa sim, muito triste. Mas há um outro lado. Será que os jogos não darão um grande estímulo para que surjam novos praticantes de atividade física? Se não surgirem novos atletas, pelo menos seremos uma população mais saudável. Isso pra mim já é uma grande mudança.
Se 5 anos antes dos jogos já estamos pensando que não vai dar certo, que nada vai mudar... Se nós, profissionais envolvidos com esporte, não acreditarmos, quem irá?
"Já não foi possível existir sem assumir o direito e o dever de optar, de decidir, de lutar, de fazer política. E tudo isso nos traz de novo à radicalidade da esperança. Sei que as coisas podem até piorar, mas sei também que é possível intervir para melhorá-las. (...)
Isso não significa negar os condicionamentos genéticos, culturais, sociais a que estamos submetidos. Significa reconhecer que somos seres condicionados mas não determinados. Reconhecer que a História é tempo de possibilidade e não de determinismo, que o futuro, é problemático e não inexorável."
Paulo Freire.
É importante acreditar e lutar, mas, a verdade é que todos esses eventos deveriam ser melhor planejados para realmente transformar obras e dinheiro investidos em melhorias para a população, tanto em termos financeiros como culturais. Infelizmente, esta não é a realidade. Nem mesmo em nossa profissão ainda estamos brigando pelo nosso reconhecimento, brigando para divulgar nossa especialidade. Posso ser inocente nesse pensamento, mas, profissionais especializados como os residentes formados seriam mais valorizados em países mais sérios.
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